Saxon: A chama da redenção com o poderoso “Hell, Fire and Damnation”
Postado em 09/10/2024



Em janeiro deste ano o Saxon lançou o álbum “Hell, Fire and Damnation”, uma obra que consolidou ainda mais sua reputação como uma das bandas mais icônicas do Heavy Metal britânico. Com letras épicas e a inconfundível voz de Biff Byford, o álbum aborda temas variados, mantendo sempre uma afinidade por contar histórias de épocas passadas e mitologia. Em “Hell, Fire and Damnation” não é diferente. Podemos citar faixas que falam sobre a rainha francesa Maria Antonieta, o episódio de Roswell, a relação de Kublai Khan e Marco Polo e a história da Batalha de Hastings, ocorrida na Inglaterra em 1066. Uma aula de história com uma trilha sonora mais uma vez brilhante.

Aliás, é de se salientar o quanto o Saxon trabalha para manter a qualidade em seus álbuns. Por mais que um ou outro lançamento não seja sempre tão estupendo, a classe é mantida e a tradição em criar músicas memoráveis não se enfraquece. Um exemplo recente é o álbum “Carpe Diem”, de 2022, que passou meio despercebido, mas que ao receber a devida atenção se revela um disco à altura de sua história, com músicas excelentes como “Carpe Diem (Seize the Day)”, “The Pilgrimage” e “Remember the Fallen”.

O fato é que, em cerca de pouco mais que uma década, o grupo lançou uma sequência matadora de discos, iniciando com os fantásticos “Sacrifice” (2013) e “Battering Ram” (2015), passando pelo mediano “Thunderbolt” (2018), pelos discos de covers “Inspirations” (2021) e “More Inspirations” (2023) e o excelente “Carpe Diem” (2022).

Um olhar sobre o álbum 

Musicalmente, “Hell, Fire and Damnation” é o Saxon de sempre. O álbum mantém a essência do Heavy Metal clássico, com riffs pesados e solos de guitarra cativantes. A produção de Andy Sneap é polida, permitindo que cada instrumento se destaque, enquanto a seção rítmica, composta por Nigel Glockler (bateria) e Nibbs Carter (baixo), proporciona uma base sólida e poderosa. As guitarras de Doug Scarratt e do “novato” Brian Tatler (Diamond Head) são vigorosas e criativas, mantendo a tradição do Saxon de mesclar agressividade com melodia.

A adição do experiente conterrâneo Brian Tatler em substituição a Paul Quinn parece ter dado um gás à banda, que está afiadíssima. Ouso afirmar que o Saxon está em uma de suas melhores fases, que pode ser dividida em quatro partes: a primeira, dos primeiros álbuns com a formação clássica, a segunda, que começa com “Forever Free” (1992) e segue a década de 1990, com álbuns excelentes como “Dogs of War” (1995), “Unleash the Beast” (1997) e “Metalhead” (1999), a terceira, nos anos 2000, uma década não tão inspirada, onde, porém, se destaca o clássico “Lionheart” (2004), que contou com o baterista Jörg Michael, e por fim, a já citada leva de ótimos álbuns da década de 2010 em diante.

“1066” e a Batalha de Hastings

Minha faixa preferida talvez seja “1066”, onde a banda aborda a importante Batalha de Hastings e que redefiniu a história da Inglaterra. A letra narra este que é um dos eventos mais significativos da história inglesa. Este conflito ocorreu em 14 de outubro de 1066 entre as forças normandas, lideradas pelo duque Guilherme, o Conquistador, e o exército saxão sob o comando do rei Harold II. A batalha resultou na vitória dos normandos e, em última análise, na conquista da Inglaterra. A música, portanto, não é apenas uma crônica, mas também um tributo à luta e ao legado que a guerra deixou na história da Inglaterra, tornando-a uma obra relevante e reflexiva sobre eventos que moldaram a terra natal do grupo. Como curiosidade, o tema já foi abordado de forma muito interessante pela banda italiana Thy Majestie no álbum temático “Hastings 1066” de 2002.

Demais destaques

A faixa título se destaca pelo seu refrão grudento, enquanto “Madame Guillotine” aborda a Revolução Francesa (lembram do Gojira nas Olímpiadas?), com riffs marcantes e mais uma vez um refrão para lá de irresistível. “Fire and Steel”, por sua vez, evoca momentos mais velozes, à la Judas Priest. No meio disso tudo a performance perfeita de Biff Byford, que hoje chega a 73 anos de idade muitíssimo bem vividos. Sua voz continua tão imbatível quanto nas décadas anteriores.

Mantendo o fôlego nas alturas, temos “There’s Something in Roswell”, música que explora um dos maiores mistérios da ufologia: o suposto incidente em Roswell, Novo México, em 1947. A letra narra o evento em que uma nave alienígena teria caído, mas o governo rapidamente encobriu o caso, alegando ser apenas um balão meteorológico.

No final das contas, “Hell, Fire and Damnation” mantém a classe que consagrou o Saxon e que os mantém como um dos mais fiéis defensores da fé no Heavy Metal. Clichê? Talvez, mas, é impossível não se comover ao ouvir este novo clássico dos britânicos.

Assista ao vídeo de “Hell, Fire and Damnation”:

Ouça “1066”:

Assista ao lyric vídeo de “Witches of Salem”:

Ouça no Spotify:

 
Categoria/Category: Destaque · Resenha de Discos
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