Rebellion entrega uma verdadeira aula de história no álbum “Sagas of Iceland – The History of the Vikings Volume I”
Postado em 16/04/2025


Lançado em 2005, o álbum “Sagas of Iceland – The History of the Vikings Volume I” marcou o início de uma ambiciosa trilogia da banda alemã Rebellion dedicada à saga do povo nórdico. Composto por 14 faixas, o disco se aprofunda em episódios históricos e lendas escandinavas, com base em fontes como a Heimskringla, escrita por Snorri Sturluson no século XIII — uma das obras mais importantes da literatura medieval nórdica.

Formado, na época, por Michael Seifert (vocais), Uwe Lulis (guitarra), Björn Eilen (guitarra), Tomi Göttlich (baixo) e Gerd Lücking (bateria), o Rebellion usava o Heavy Metal como ferramenta narrativa, transformando reis, batalhas e mitos vikings em hinos épicos de riffs marcantes e atmosferas intensas. O disco também é acompanhado por um encarte extenso, que funciona como um verdadeiro compêndio histórico — algo que remete à atenção similar que o Stormwarrior dedicou ao conteúdo lírico em “Northern Rage”.

A faixa de abertura, “In Memorandum Lindisfarnae”, remete ao ataque viking de 793 d.C. ao monastério de Lindisfarne, considerado o início da Era Viking. Fundado em 635 por St. Aidan, com apoio do rei Oswald da Nortúmbria, Lindisfarne foi o berço do cristianismo anglo-saxão, e seu saque chocou a cristandade europeia.

Outras canções abordam personagens e momentos cruciais da história nórdica. “Ynglinga Saga (To Odin We Call)”  se baseia na primeira saga do Heimskringla, que narra a linhagem mítica dos reis descendentes de Odin. Já “The Sons of the Dragon Slayer (Blood Eagle)”  faz referência ao cruel ritual de execução atribuído aos vikings — o temido Blood Eagle (águia de sangue), possivelmente praticado por vingança ou sacrifício aos deuses. “Eric the Red” foca em Erik Thorvaldsson, conhecido como Eric, o Vermelho, que fundou o primeiro assentamento nórdico permanente na Groenlândia após ser exilado da Islândia. Era pai do mítico Leif Erikson, provavelmente o primeiro “descobridor” da América, 500 anos antes de Colombo.

Um destaque especial vai para a faixa “Harald Hadrade”, que retrata com fidelidade a Batalha de Stamford Bridge, ocorrida no histórico ano de 1066. Liderando uma invasão à Inglaterra, o rei norueguês Harald Hardrada enfrentou o exército de Haroldo II em um combate brutal. Derrotado e morto no campo de batalha, Harald tornou-se símbolo do fim da Era Viking. Segundo registros, de aproximadamente 300 navios usados na invasão, apenas 24 retornaram à Noruega com sobreviventes.

Musicalmente, o Rebellion transita com maestria entre o peso e a melodia, alternando passagens cadenciadas, como no riff arrastado de “Ynglinga Saga”, com momentos mais rápidos e agressivos, como em “The Sons of the Dragon Slayer”. A voz de Michael Seifert remete ao timbre de Chris Boltendahl (Grave Digger), mas com interpretação própria e forte presença. Também, pudera, a banda foi formada por Uwe Lulis e Tomi Göttlich pouco depois da saída de ambos do Grave Digger, que por sinal, tem a música “Rebellion (The Clans Are Marching)” como seu maior clássico.

Inspiradas por lendas, filmes, livros e documentos históricos, bandas como Grave Digger, Rebellion, Leave’s Eyes, Drakkar e Stormwarrior transformaram o legado nórdico em verdadeiros épicos metálicos — e o Rebellion talvez seja o grupo que mais se aprofunda nesse resgate histórico. “Sagas of Iceland” é mas uma verdadeira jornada pelo imaginário e pelos eventos que moldaram a cultura viking. Um trabalho essencial para fãs de história e Heavy Metal com conteúdo.

 
Categoria/Category: Destaque · Resenha de Discos
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