
O mais recente episódio do Dharma Sessions, apresentado por Gastão Moreira, recebeu a Naimaculada para uma conversa que mapeou os contornos da cena musical paulistana pós-pandemia. Pietro Benedan, baterista e um dos fundadores, conduziu um relato fascinante sobre como cinco músicos com gostos aparentemente incompatíveis conseguiram forjar uma sonoridade autoral que captura a essência contemporânea de São Paulo. Durante o programa, a banda apresentou faixas do álbum de estreia A Cor Mais Próxima do Cinza, demonstrando como a diversidade estética pode se transformar em força criativa quando canalizada através de um propósito comum. Para Gastão, que se entusiasmou especialmente com a menção a Alberto Spinetta – “El Flaco!” -, o encontro revelou uma das formações mais promissoras da nova geração musical brasileira.
Com a formação atual composta por Ricardo Paes nos vocais, Samuel Xavier na guitarra, Luiz Viegas no baixo, Pietro Benedan na bateria e Iago Tartaglia no saxofone, a banda exemplifica a riqueza da diversidade musical. Pietro revelou o segredo da química grupal: “Cada integrante tem um gosto, um tipo de estilo diferente. A gente se encontra em poucas coisas que gostamos juntos”. Essas convergências incluem referências como Beatles, Pink Floyd e o argentino Alberto Spinetta, enquanto as divergências criam tensões criativas produtivas. O baterista destacou ainda a substituição temporária do saxofonista original Frodo – que partiu para um intercâmbio na China para estudar novos instrumentos – por Iago Tartaglia, da aclamada Gastação Infinita. Quando Gastão elogiou o trabalho da Gastação Infinita, Pietro confirmou a proximidade entre as bandas e prometeu uma turnê conjunta em breve, evidenciando a colaboração que marca a cena atual.
A conversa mergulhou na transformação radical que definiu a identidade atual da Naimaculada. Pietro narrou como a banda atravessou um período de indefinição estética até o final de 2022: “Fazíamos música alternativa sem estética ao meu ver – fundo branco, fonte preta”. O momento decisivo chegou quando ele e Ricardo enfrentaram a possibilidade de encerrar o projeto, optando ao invés disto por uma reformulação completa. A partir de 2023, a banda abraçou São Paulo como tema central, adotando uma abordagem mais profissional que culminou na formação atual. Pietro posicionou a Naimaculada dentro do que considera uma “cena pós-pandemia”, citando bandas como Tubo de Ensaio, Saravá – “banda de menos de 18 anos fazendo um som dos anos 70” – e Apple Gate como fundamentais para esse movimento cultural emergente.
Durante o episódio, a Naimaculada apresentou duas faixas que sintetizam sua proposta artística: ‘Epítome‘ e ‘Luz/Sé’. As performances demonstraram como a banda consegue equilibrar experimentação sonora com acessibilidade melódica, criando paisagens urbanas que refletem a complexidade de São Paulo contemporânea. O álbum A Cor Mais Próxima do Cinza emergiu como uma declaração de maturidade artística, evidenciando por que a formação representa uma das vozes mais autênticas da nova música brasileira. A entrada de Samuel Xavier como guitarrista – “ele é incrível”, enfatizou Pietro – completou a alquimia que permite à banda transformar suas diferenças individuais em coesão coletiva.
Mais uma vez, o Dharma Sessions, gravado no Dharma Studios de Rodrigo Oliveira, proporcionou uma janela privilegiada para a música brasileira emergente. A Naimaculada reafirma que a diversidade não é obstáculo, mas combustível para a criação autêntica, mantendo viva a tradição paulistana de reinvenção cultural através de gerações que se renovam sem perder suas raízes criativas.
Assista ao episódio completo em:
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Maicon Leite atua como Assessor de Imprensa com a Wargods Press e é co-autor do livro Tá no Sangue!, e claro, editor do Arena Heavy!
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