
No terceiro capítulo de sua curta, porém marcante trajetória, iniciada em 2017, os finlandeses do Horizon Ignited lançam um álbum variado, apresentando um peso “moderno” e a melodia típica de seu estilo. “Tides”, lançado lá fora pela Reaper Entertainment e no Brasil pela Shinigami Records, mostra uma banda em fase de crescimento, que não teme abraçar atmosferas sombrias nem arriscar em estruturas mais emotivas e acessíveis.
A Finlândia é, há décadas, uma das nações mais férteis e respeitadas quando se fala em Metal. Dentro desse panorama vasto e multifacetado, o Death Metal melódico ocupa uma posição de destaque, ainda que, por vezes, de forma mais discreta do que nos vizinhos suecos. Ao invés de seguir os mesmos caminhos trilhados por nomes como In Flames ou At the Gates, os finlandeses criaram uma vertente quase própria, que torna suas bandas facilmente distinguíveis.
Desde os anos 1990, o país vem formando bandas de renome internacional em diferentes subgêneros: do Power Metal sinfônico (com nomes como Nightwish e Sonata Arctica) ao Doom/Death atmosférico (Swallow the Sun), passando pelo Black Metal do Impaled Nazarene e o único Amorphis, que transita atualmente pelo Death/Doom Metal progressivo. Já o Melodic Death Metal, embora menos explícito na linha de frente, ganhou força especialmente a partir dos anos 2000, tendo nomes como Omnium Gatherum, Mors Principium Est e Before the Dawn entre seus nomes mais conhecidos.
Com “Tides”, o grupo dá um salto de qualidade comparado a “Towards the Dying Lands” (2022), e desde a primeira faixa, “Beneath the Dark Waters”, é possível perceber uma produção mais caprichada. As guitarras soam pesadas, os vocais de Okko Solanterä alternam com naturalidade entre o gutural e o melódico, enquanto os teclados de Miska Ek dão uma camada extra. É uma faixa que já define a proposta do disco, equilibrando partes mais agressivas aliadas às melódicas.
Entre os destaques imediatos está em “Ashes”, que conta com a participação de Jaakko Mäntymaa (Marianas Rest), numa combinação vocal que ficou muito interessante. O instrumental mantém um andamento mais moderado e pesado, mas abre espaço para nuances que se conectam diretamente com a letra — uma das mais pessoais do álbum. “Prison of My Mind”, com sua temática delicada sobre Alzheimer, é talvez o momento mais humano do disco.
Outro ponto alto é a rápida “Baptism by Fire”, que retoma a pegada típica do Death Metal melódico, com riffs cortantes e batidas aceleradas. Aqui, o grupo mostra que ainda sabe ser direto e visceral quando deseja, satisfazendo os fãs de faixas mais agressivas. Em contrapartida, em “My Grave Shall Be the Sea (Leviathan pt. II)” a banda cria uma ponte sutil com a mitologia e explora o tema do afogamento como metáfora para o colapso emocional, através de uma sonoridade mais soturna.
A produção, assinada por Juho Räihä (Where’s My Bible, Swallow the Sun) e Chris Clancy (Evile, Overkill, Kataklysm, Machine Head), contribui para a qualidade do álbum.
Ao longo das 10 faixas, “Tides” se mostra um álbum consistente e em vez de seguir a fórmula padrão do Melodic Death Metal à risca (por vezes um tanto quanto desgastada), o Horizon Ignited insere elementos próprios da escola finlandesa, com belas melodias e aquela sensação de melancolia. “Tides” é uma obra madura, que coloca o Horizon Ignited entre os nomes mais promissores do Metal contemporâneo.
Para adquirir o álbum:
https://www.lojashinigamirecords.com.br/p-9501992-Horizon-Ignited—Tides
Confira o álbum do Spotify:
Assista ao vídeo de “Beneath the Dark Waters”:

Maicon Leite atua como Assessor de Imprensa com a Wargods Press e é co-autor do livro Tá no Sangue!, e claro, editor do Arena Heavy!
Tags: Death Metal • Horizon Ignited • Resenha • Review
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