Mudanças e mais mudanças. Esta fase do Helloween estava cheia de problemas e havia muita coisa acontecendo. A saída de Kai Hansen, um dos principais integrantes do grupo, e a suposta mudança no direcionamento do som fizeram com que muitos fãs torcessem o nariz, desconfiando quais rumos os alemães iriam seguir. Para muitos, “Pink Bubbles Go Ape” é um de seus discos mais fracos, ao mesmo tempo que muitos fãs adoram. Tendo como produtor o renomado Chris Tsangarides, que produziu inúmeras bandas famosas (como Judas Priest, Angra e Anvil) e a entrada de Roland Grapow no lugar de Kai, o Helloween resolveu apostar todas suas fichas neste lançamento. Depois do sucesso dos dois “Keepers…”, seria realmente difícil conseguirem repercutir da mesma forma. O álbum apresentou elementos mais experimentais e uma abordagem musical mais eclética. Isso incluiu a incorporação de influências do Rock Progressivo e elementos Pop em algumas músicas.
Mas, independentemente de todos os problemas, incluindo a banda enfrentando problemas legais com a gravadora devido a desentendimentos contratuais. “Pink Bubbles Go Ape” é um excelente disco, com canções marcantes e uma estreia de nível do guitarrista Roland Grapow, tanto que ele assina duas músicas sozinho e divide composições com o guitarrista Michael Weikath e o baixista Markus Grosskopf. O clima “feliz” do Helloween se mantém presente, como na música “Heavy Metal Hamsters”, que poderia estar presente em algum dos discos anteriores. Já o fato da mudança sonora, que a banda estaria fazendo um som mais comercial, é algo que gera controvérsias… Há peso, rapidez, e as melodias grudentas ainda estão lá, fortes e marcantes. Talvez a produção mais limpa tenha deixado o som mais “light”, mas o disco é muito bom. Destaques? “Kids of the Century”, “Heavy Metal Hamsters”, “Someone’s Crying”, “Back in the Streets” e “The Chance”, esta última, autoria de Grapow.
A estrela maior do disco, obviamente, é a voz de Kiske, considerado um dos melhores cantores do estilo, com sua voz marcante, que até hoje, com seu já não tão recente retorno ao Helloween, é motivo de alegrias dos fãs. Em 2006 o disco foi relançado com alguns covers, inclusive um para “Blue Suede Shoes”, do rei Elvis Presley. Fatos negativos existem sim… Por exemplo, trocaram as abóboras e capas épicas, por uma arte mais moderna, que não foi bem aceita pelos fãs. É interessante citar ainda a letra de “Heavy Metal Hamsters”, uma observação perspicaz sobre a indústria musical, onde músicos (simbolizados como hamsters) inicialmente tocam com paixão e liberdade, porém, gradualmente, são seduzidos pelo glamour da fama, contratos lucrativos e luxos. Esse caminho leva à perda da autenticidade e da liberdade artística, resultando na sensação de estar aprisionado pelo sucesso. A música lança uma crítica contundente à indústria da música e destaca o preço que alguns músicos pagam por perseguir a fama a qualquer custo.
Em retrospectiva, “Pink Bubbles Go Ape” é um álbum que dividiu os fãs. Alguns apreciaram a tentativa da banda de experimentar novas direções musicais, enquanto outros lamentaram a mudança na sonoridade e a saída de um dos membros fundadores. Embora não tenha sido um sucesso imediato, o álbum permanece como parte da história do Helloween e é lembrado como uma fase de transição em sua carreira. É uma obra que pode ser apreciada por sua singularidade e pela coragem da banda em explorar novos territórios musicais, mesmo que tenha desafiado as expectativas dos fãs na época do lançamento. Se com “Pink Bubbles Go Ape” houve tanta comoção, o que esperar do próximo álbum, “Chameleon”?
Assista ao vídeo clipe de “Kids of the Century”:
Ouça o álbum no Spotify:
Making of de “Kids of the Century”:
Track list:
1 – Pink Bubbles Go Ape
2 – Kids of the Century
3 – Back on the Streets
4 – Number One
5 – Heavy Metal Hamsters
6 – Goin’ Home
7 – Someone’s Crying
8 – Mankind
9 – I’m Doin Fine Crazy Man
10 – The Chance
11 – Your Turn
Integrantes:
Michael Kiske: Vocal
Roland Grapow: Guitarra
Michael Weikath: Guitarra
Markus Grosskopf: Baixo
Ingo Swichtenberg: Bateria
Maicon Leite atua como Assessor de Imprensa com a Wargods Press e é co-autor do livro Tá no Sangue!, e claro, editor do Arena Heavy!
Tags: Helloween • Ingo Swichtenberg • Markus Grosskopf • Michael Kiske • Michael Weikath • Power Metal • Resenha • Roland Grapow
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