Resenha do álbum “Grand Materia”, do Morgana Lefay
Postado em 19/10/2023


Há uma série de bandas que infelizmente não alcançaram voos mais altos, ficando naquele meio termo entre o underground e o mainstream, porém contando com uma boa parcela de fãs ao redor do mundo, inclusive aqui no Brasil, como é o caso do Morgana Lefay. Dentre idas e vidas e problemas internos, os membros originais, sobretudo considerados a alma e coração da banda, Charles Rytkönen e Tony Eriksson, mantiveram o grupo vivo, até mesmo quando foram obrigados a mudar o nome para Lefay, devido a problemas com os ex-integrantes. O racha, ocorrido em 1997, separou Charles e Tony dos outros músicos, gerando assim três ótimos álbuns sob o nome Lefay, “The Seventh Seal” (1999), “Symphony of the Damned” (1999) e “S.O.S.” (2000), enquanto os membros remanescentes lançaram o irreconhecível “Morgana Lefay” em 1999, sem a sonoridade clássica da banda.

Com os problemas contratuais com a gravadora resolvidos, voltaram a utilizar o antigo nome e com praticamente a mesma formação do Lefay entraram no estúdio Soundcreation, registrando este potente “Grand Materia”, que marcou o efetivo retorno dos suecos à cena. Produzido pela própria banda, o disco reúne todos os elementos típicos criados por Charles e Tony, acrescentando influências cada vez maiores de Pantera, devido aos riffs e a sonoridade da cozinha. O início meio fúnebre da faixa-título abre caminho para o show de interpretação de Charles e os riffs melodiosos e pesados de Tony e Peter, em meio a ritmos “quebrados” e um refrão grudento.

A faixa “My Funeral is Calling” é mais rápida e nota-se a influência de Dimebag (Pantera) nas partes mais pesadas. Os solos, harmoniosos e bem construídos, se aliam perfeitamente na forma dramática e única de Charles cantar, deixando transparecer certa dose de desespero a cada frase entoada. “Only Endless Time Remains” é uma balada tranquila, boa para relaxar. “Hollow” aposta num ritmo mais lento, com Charles novamente se destacando, somando-se a riffs pesados e uma cozinha precisa. O lado mais agressivo volta com “Edge of Mind”, repleta de timbres de guitarra marcantes, culminando em solos ricamente bem construídos.

Crio aqui um parágrafo especial em relação ao belíssimo trabalho gráfico, marca registrada em todos os trabalhos e em “Grand Materia” ricamente desenvolvido. O artista, Kristian Wåhlin (guitarrista das bandas Grotesque e Diabolique), assinou a maioria das capas do Morgana Lefay e Lefay, criando assim uma identidade visual bem forte. Seus famosos traços também podem ser conferidos em capas do Dissection, Suicidal Angels, Therion, Tiamat, Witchery, Grand Magus, Hollow, Dismember e Crystal Eyes, ou seja, um expert independentemente de estilos, do Melódico ao Death Metal, mas com muita riqueza nos detalhes.

Pulando direto para a última faixa, a emotiva “My Task Is Done”, o Morgana Lefay balanceia muito bem sua clássica sonoridade com influências mais modernas no decorrer do álbum, destacando a faixa-título, “My Funeral is Calling” e “Edge of Mind”, que traduzem de forma concreta este muitíssimo bem recebido retorno, há quase uma década atrás. De lá para cá houve o lançamento de “Aberrations of Mind” em 2007, vários shows e o encerramento temporário das atividades até o retorno em 2012. Desde então, o retorno definitivo do grupo se tornou uma incógnita.

Track list:

01 – Grand Materia
02 – My Funeral Is Calling
03 – Only Endless Time Remains
04 – Hollow
05 – Edge of Mind
06 – On the Other Side
07 – I Roam
08 – Emotional Sanctuary
09 – Angels Deceit
10 – The Operation of the Sun
11 – Blind
12 – My Task Is Done (Reconcile with Time)

Formação:

Robin Engström – Bateria
Fredrik Lundberg – Baixo
Peter Grehn – Guitarra
Tony Eriksson – Guitarra
Charles Rytkönen – Vocal

Assista ao vídeo de “I Roam”:

Assista ao vídeo de “Hollow”:

 

 

 
Categoria/Category: Destaque · Resenha de Discos
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