A fase do Black Sabbath com o vocalista Tony Martin é tão rica e interessante que às vezes me pergunto quais os motivos que levaram a grande maioria dos fãs a não a curtirem tanto quanto às eras com Ozzy e Dio. Verdade seja dita, Tony Martin nunca teve o mesmo carisma que Ozzy ou a voz de Dio, mas há muitas qualidades eu seu jeito de cantar. Divagações a parte, hoje “Cross Purposes” está completando 29 anos de seu lançamento. Composto de dez faixas, foi lançado dois anos após “Dehumanizer”, gravado com Dio, o que já impõe uma grande barreira aos fãs mais “exigentes” ou xiitas. Entretanto, com Tony Iommi sempre inspirado, é impossível não gostar de músicas como “I Witness”, “Cross of Thorns”, “Psychophobia” ou a fantástica “Immaculate Deception”, todas dotadas de um feeling gigantesco. Há músicas praticamente fúnebres, como “Virtual Death”, e seria redundante dizer que seria um Doom Metal sorumbático, mas foi o próprio Sabbath que deu vida a este subgênero.
Acompanhando os Tonys estavam os velhos parceiros Geezer Butler (baixo), Bobby Rondinelli (bateria) e o saudoso Geoff Nicholls (teclados). Em “Evil Eye”, faixa de encerramento, há a participação (não creditada) do guitarrista Eddie Van Halen no processo de composição. A música “Cardinal Sin” se chamava originalmente “Sin, Cardinal Sin”, mas um erro de impressão deixou o primeiro “Sin” de fora. A turnê de divulgação do álbum rendeu um registro ao vivo, intitulado “Cross Purposes – Live”, gravado em 13 de abril de 1994 no Hammersmith Apollo em Londres e lançado em 1995, mesclando os velhos clássicos com algumas das faixas mais fortes do álbum em questão: “I Witness”, “Psychophobia” e “Cross of Thorns”. A tour passou pelo Brasil em 27 de agosto de 1994, trazendo Bill Ward no lugar de Rondinelli, o que surpreendeu muita gente, tornando a apresentação no festival Monsters of Rock algo histórico. No set list, apenas “I Witness” e uma porção de clássicos, além da icônica “Headless Cross”, uma das melhores músicas da fase Tony Martin.
Creio que seria necessária uma matéria especial sobre a turnê, pois ela contou com a abertura do Cathedral e Godspeed em algumas datas, além do Motörhead e Morbid Angel. No mínimo surreal! Do ponto de vista comercial, sabemos que a década de 1990 não foi muita justa com o Sabbath, mas “Cross Purposes” conseguiu atingir a posição 122 dos chars da Billboard 200, chegando também ao número 41 nas paradas de sua terra natal. Na Finlândia e na Suécia o disco chegou à nova posição dos charts. Um vídeo clipe foi lançado para “The Hand That Rocks the Cradle”, e uma fita VHS pirata foi comercializada trazendo um set list reduzido, com apenas nove faixas.
Track list:
- “I Witness”
- “Cross of Thorns”
- “Psychophobia”
- “Virtual Death”
- “Immaculate Deception”
- “Dying for Love”
- “Back to Eden”
- “The Hand That Rocks the Cradle”
- “Cardinal Sin”
- “Evil Eye”
Vídeo clipe de “The Hand That Rocks the Cradle”:
Maicon Leite atua como Assessor de Imprensa com a Wargods Press e é co-autor do livro Tá no Sangue!, e claro, editor do Arena Heavy!
Notícia mais antiga: Resenha do álbum “Les Déclinistes”, do Misanthrope »