Kiko Loureiro: Teorias da mente em Porto Alegre
Postado em 18/06/2025


Kiko Loureiro: Teorias da mente em Porto Alegre

Produção: Ablaze Productions

Na quarta-feira, 5 de junho de 2025, o Bar Opinião, em Porto Alegre, foi palco para uma noite memorável que celebrou a trajetória de Kiko Loureiro. e também o lançamento do seu último trabalho solo, o “Theory of Mind” de 2024. Em sua segunda turnê solo após deixar o Megadeth, o músico entregou um show repleto de técnica, emoção e surpresas, revisitando todas as fases de sua carreira — do instrumental ao metal progressivo, do Angra ao Megadeth, e da música brasileira às composições mais introspectivas.

Abrindo os trabalhos da noite, a banda Phornax subiu ao palco divulgando seu retorno às atividades, apresentando as músicas do EP “Silent War” (2011) em novas roupagens, além de algumas composições inéditas.

A banda atualmente trabalha em seu primeiro álbum completo. Se você curte heavy metal com guitarras de sete cordas, vale a pena acompanhar o grupo pelas redes sociais.

Na sequência, quem assumiu o palco foi o guitarrista colombiano-americano Andy Addams, acompanhado por sua banda formada por David Sánchez (baixo) e Luigi Paraventi (bateria, Kiko Loureiro). O trio nos presenteou com composições autorais cheias de virtuosismo, além de um medley com músicas de animes e clássicos do rock — um prato cheio para os guitarristas de plantão.

O entusiasmo contagiante de Addams e seu colete iluminado deram um tom diferente ao show, fugindo do convencional e deixando claro que o músico ama o que faz e se diverte a cada nota tocada.

Abrindo com a poderosa “Blindfolded”, Kiko já dava o tom da noite: precisão cirúrgica, peso equilibrado e uma performance imersiva. Na sequência, vieram “Reflective” (“Sounds of Innocente”, 2012) e “Overflow” (“Open Source”, 2020), faixas mais recentes e que destacam sua faceta solo mais madura e experimental.

Não podemos deixar de mencionar a banda que vem acompanhando o Kiko já faz alguns anos. Felipe Andreoli no baixo e Bruno Valverde na bateria (Angra), Luiz Rodrigues (guitarrista revelação) e Alirio Netto, grande vocalista que já passou por bandas como Khallice (junto com o Marcelo Barbosa do Angra) e Shaman, além de fazer parte da banda tributo oficial do Queen, o Queen Extravaganza.

Sem esquecer os fãs de longa data, Kiko homenageou sua fase no Megadeth com uma execução intensa (tocando e cantando) da canção “Dystopia” (auto intitulado, 2016), mostrando que, mesmo fora da banda, sua conexão com esse capítulo permanece viva no palco. Logo depois, surpreendeu com a brasileiríssima “Pau-de-Arara” (“No Gravity”, 2005), demonstrando sempre o seu domínio sobre ritmos nacionais.

Um dos momentos mais celebrados foi a execução de “No Gravity” (auto intitulado, 2005) , clássico absoluto de sua carreira solo, que fez os fãs vibrarem a cada riff e solo impecável. Em seguida, veio um dos pontos altos da noite: um medley instrumental reunindo sucessos do Angra, com trechos de “Carry On”, “Spread Your Fire”, “Nova Era”, “Morning Star”, “Evil Warning” e “Speed” — uma verdadeira viagem pela era de ouro do metal melódico brasileiro, que emocionou o público.

A sequência seguiu com “Conquer or Die!” (“Dystopia”, 2016) e “Mind Rise” de seu último álbum, mantendo o clima de intensidade técnica e atmosferica. Já em “Killing Time”, outra faixa da fase Megadeth, Kiko trouxe ainda mais peso e agressividade ao set.

A noite seguiu com uma jam enérgica ao lado de Andy Addams, e em seguida, mais uma joia da fase Angra: a introdução do álbum “Holy Land” de 1996, “Crossing”, que preparou o terreno para a chegada de Alirio, que participou das emocionantes “Nothing to Say” e “Angels and Demons” (“Temple of Shadows”, 2005), resgatando a alma dramática e virtuosa do Angra dos anos 2000.

Com os ânimos já elevados, veio o momento mais intimista do show: “Late Redemption” em formato acústico, mesclada com um trecho de “Heaven and Hell”, clássico do Black Sabbath, porém com o violão fazendo os acordes de “Lullaby For Lucifer” (“Holy Land”, 1996), o que deixou a música mais emocionante ainda.

Mas a grande surpresa da noite ainda estava por vir. Subindo ao palco como convidado especial, Marty Friedman — ex-Megadeth e ícone da guitarra mundial — transformou o show em um encontro histórico. Juntos, executaram “Hyper Doom” (de Marty), um trecho icônico de “Tornado of Souls” (do Megadeth) onde Marty fez o solo principal e Kiko a dobra, e ainda trouxeram versões instrumentais de “Asa Branca” e “Brasileirinho”, misturando virtuosismo com raízes brasileiras de forma única.

“Tearful Confession”, uma das faixas mais melódicas de Marty, foi outro ponto alto, seguido pela épica “Rebirth” (auto intitulado, 2001), ainda com Marty, que levou os fãs ao delírio e coro coletivo — uma verdadeira celebração ao poder do renascimento artístico.

Para encerrar, o bis veio com “Enfermo” (“No Gravity”, 2005), faixa crua e pesada, que sintetizou a noite: um turbilhão de sensações entre técnica, história, brasilidade e alma.

Kiko Loureiro provou, mais uma vez, por que é um dos músicos mais completos e respeitados do planeta. E Porto Alegre, que já o viu tantas vezes em diferentes fases, certamente guardará essa apresentação como uma das mais especiais.

Setlist:
Blindfolded
Reflective
Overflow
Dystopia (Megadeth)
Pau-de-Arara
No Gravity
Medley instrumental: Carry On / Spread Your Fire / Nova Era / Morning Star / Evil Warning / Speed (Angra)
Conquer or Die! (Megadeth)
Mind Rise
Killing Time (Megadeth)
Jam (c/ Andy Addams)
Crossing (Angra)
Nothing to Say (Angra) (c/ Alirio Netto)
Angels and Demons (Angra) (c/ Alirio Netto)
Late Redemption / Heaven and Hell (acústico c/ Alirio Netto)
-Com Marty Friedman:
Hyper Doom (Marty Friedman)
Tornado of Souls (Megadeth) (trecho)
Asa branca / Brasileirinho
Tearful Confession (Marty Friedman)
Rebirth (Angra)
-Bis
Enfermo

 

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