Jorn Lande já havia se consolidado, àquela altura, como uma das vozes mais expressivas do Hard rock e do Heavy Metal contemporâneo. Com uma carreira sólida construída ao longo dos anos 1990 e início dos 2000, o vocalista norueguês chamava atenção tanto pela potência vocal quanto pela capacidade de imprimir personalidade aos projetos dos quais participou. Trabalhos como “Burn the Sun” (2001), do Ark, “The Devil’s Hall of Fame” (2001) do Beyond Twilight, o debut do Masterplan (2003) e álbuns solo anteriores como “Worldchanger” (2001) e “Out to Every Nation” (2004) já o haviam alçado a um patamar de destaque na cena europeia. Por isso, o lançamento de “The Duke”, seu quarto álbum solo, em 2006, gerou grandes expectativas — e o resultado não decepcionou.
Gravado com uma formação de peso, o disco traz uma sonoridade que flerta diretamente com o Hard Rock clássico dos anos 1980, sem abrir mão de um peso contemporâneo e de uma produção refinada. A atmosfera oitentista é latente ao longo de toda a audição, mas jamais soa datada; ao contrário, é energizada por arranjos robustos, riffs encorpados e uma entrega vocal irrepreensível.
A faixa de abertura, “We Brought the Angels Down”, é um bom indicativo do que está por vir. Com andamento cadenciado e riffs marcantes, a música cresce sobre uma base sólida construída por Morty Black (ex-baixista do TNT, ícone do Hard Rock norueguês) e Willy Bendiksen na bateria — músico experiente, que já havia compartilhado o palco com Jorn na banda Company of Snakes. A performance vocal é poderosa e segura, revelando um Lande em plena forma.
“Blacksong” mantém a densidade sonora, com riffs pesados e um refrão marcante que remete diretamente ao espírito do Metal melódico e do Hard Rock de arena. Os solos são muito bem conduzidos, e o trabalho das guitarras — a cargo de Tore Moren e Jørn Viggo Lofstad — é um dos pontos altos do disco. Já “Stormcrow” acelera o ritmo, trazendo riffs cortantes que sustentam a energia da faixa com precisão e vigor.
A surpresa do álbum vem com “Are You Ready?”, versão para o clássico do Thin Lizzy — uma homenagem vibrante e fiel ao espírito original de Phil Lynott. Jorn adiciona sua assinatura vocal sem descaracterizar a faixa, alcançando um equilíbrio raro em covers de clássicos tão emblemáticos.
A produção ficou a cargo de Jorn e do guitarrista/co-produtor Jørn Viggo Lofstad, com mixagem comandada por Tommy Hansen (conhecido por trabalhos com Helloween e Pretty Maids). O resultado é um som claro, potente e bem calibrado, que mescla melodia e força com notável equilíbrio.
“The Duke” é, sem dúvida, uma obra recomendada para os apreciadores de Hard ‘n’ heavy tradicional e para mim, é seu melhor álbum. O disco mostrou o quanto Jorn Lande é uma das grandes vozes do rock pesado contemporâneo — um artista que lá em 2006 já não precisava provar mais nada a ninguém.
Faixas:
We Brought the Angels Down
Blacksong
Stormcrow
End of Time
Duke of Love
Burning Chains
After the Dying
Midnight Madness
Are You Ready
Starfire
Ouça:
Maicon Leite atua como Assessor de Imprensa com a Wargods Press e é co-autor do livro Tá no Sangue!, e claro, editor do Arena Heavy!
Tags: Hard Rock • Heavy Metal • Jorn • Jorn Lande • Review
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