Em uma nova entrevista ao Rockin’ Metal Revival, o cantor do TESLA, Jeff Keith, falou sobre o fato de que ele e seus companheiros de banda ainda estão se divertindo no palco, mais de 40 anos após a formação do grupo.

“Vou admitir que nos anos 80 ou 90, eu conseguia cantar coisas na tonalidade regular de Mi”, explicou (transcrito por BLABBERMOUTH.NET). “Então, há um bom tempo, os caras afinaram meio tom abaixo, e há certas músicas que talvez estejam afinadas um tom inteiro abaixo para que eu ainda possa cantar exatamente a mesma melodia, mas em relação ao que está no álbum, está apenas afinada ​​�”e em tom de D sustenido, não importa o que chamem, é o mais baixo que você pode ir; caso contrário, as cordas ficam muito soltas. Então, sabe de uma coisa? Isso funcionou bem para nós. E minha voz ainda está aguentando. Tento cuidar dela. Me certifico de que, nos dias de folga, estou descansando.”

Ele continuou: “Nós não fazemos mais três shows seguidos; fazemos apenas dois [shows] seguidos e temos um dia de folga. Muitas coisas assim. Para a voz ser o seu instrumento, eu realmente tenho que cuidar dela e tentar não exagerar. E para um cara como eu, isso é difícil de fazer, mas consigo fazer porque sou tão elétrico”.

Keith falou anteriormente sobre a decisão do TESLA de afinar seus instrumentos em julho passado, durante uma participação no podcast “That Metal Interview”. Na época, ele disse: “Começamos a afinar as coisas ​​— invés de em Mi, a tonalidade de Mi, nós afinamos em Mi bemol. Em músicas específicas, onde eu canto muito agudo, nem sei como eu alcançava as notas naquela época nos anos 80 e 90, mas acho que dá pra abaixar até… tem o Mi bemol, e então dá pra abaixar até o Ré. E em algumas músicas abaixamos até o tom de Ré, então consigo cantar a mesma melodia, mas uma oitava abaixo. E pelo que entendi, não dá pra abaixar mais do que isso, porque as cordas ficam tão frouxas [que não é possível tocá-las]. Então, nós apenas abaixamos algumas tonalidades, e então testamos em algumas músicas e mesmo abaixando uma oitava, eu ainda não consigo alcançar as notas [em algumas músicas]”.

Ele continuou: “Novamente, não sei como diabos eu alcançava aquelas notas naquela época passada, mas tudo o que sei é que a partir de ‘Into The Now’ [2004], comecei a pensar: ‘Ei, tenho que ver em que tonalidade estamos fazendo isso, pois da próxima coisa sabemos, eu canto algo que não consigo fazer todas as noites ao vivo’. Quer dizer, já são 37 anos depois, então… [Risos] Então, com ‘Forever More’, ‘Simplicity’ — tudo isso — comecei a lembrar, ‘Ei, seja o que você escrever, tem que conseguir cantar todas as noites’. Nos anos 80, e coisas assim, eu não estava pensando nisso. Você apenas grava 20, 30 vezes alguma coisa, escolhe a melhor delas e pronto, ‘Ei, aí está. Isso é ótimo’. Mas eu nunca tive em mente a ideia de, “Ei, você tem que ir lá todas as noites e cantar isso”. E naquela época, eu conseguia — felizmente — mas hoje, é tipo, ‘Espere um minuto’. Vou fazer 65 anos em outubro. É tipo, ‘Espere aí’. Estou começando a preencher formulários para o Medicare e todas essas coisas. [Risos] Então, [tenho que] ter cuidado com as melodias que invento, porque tenho que conseguir fazer todas as noites.”

Keith não é o primeiro cantor de rock de destaque a admitir que tem dificuldade em alcançar algumas notas que ele conseguia atingir várias décadas antes. Em outubro de 2022, o vocalista do STRYPER, Michael Sweet, disse ao The Rock Experience With Mike Brunn que era importante para ele sair e quase se desculpar pelo fato de que ele e seus companheiros de banda estavam afinando para baixo por causa de sua voz. “Talvez seja errado eu pensar dessa forma, mas é um pouco uma questão de orgulho; você está orgulhoso de que não precisa abaixar porque consegue fazer isso nochave original, “ele disse. “E há algo a ser dito sobre isso; é bom poder dizer isso. Mas então percebi que todo mundo abaixa, exceto talvez alguns poucos selecionados – muito poucos selecionados. E esses poucos são bandas que não cantam em um registro super alto. As bandas como STRYPER que cantam em um registro muito alto, cantando com força…

“Veja, os vocais do STRYPER, e isso não é para nos colocar em um pedestal, mas eles são únicos no sentido de que não são apenas altos, mas são vocais cantados com o peito”, explicou ele. “Eles não são [fazendo um som gutural]; eles vêm daqui [coloca a mão sobre o peito], não daqui [coloca a mão sobre a garganta]. Isso torna um pouco mais difícil de fazer. Então, quando baixamos a chave um meio tom, senti, ‘Uau, ok, isso está um pouco mais fácil.’ Posso passar pelo show um pouco mais facilmente e não tenho que me esforçar tanto ou lutar tanto.

“Você tem todos os professores de canto por aí assistindo agora, dizendo, ‘Oh, se ele tivesse aulas, conseguiria fazer de novo.’ Isso é besteira”, disse Michael. “Isso me faz rir às vezes quando você ouve esses caras dizerem, ‘Ah, sim, porque ele está cantando errado.’ Não, não estou cantando errado. Eu faço um exame nas minhas cordas vocais todos os anos. Nunca fiz cirurgia; nunca tive nódulos. Eles me dizem que minhas cordas vocais estão impecáveis. Não estou cantando errado. Se eu estivesse cantando errado, elas não estariam impecáveis. Então meu problema está apenas no envelhecimento. Suas pregas vocais, conforme você envelhece, começam a endurecer, e não há nada que você possa fazer sobre isso. Seus músculos, eles mudam. É apenas parte da vida. Você lida com isso da melhor maneira possível. Mantenha-se em forma; isso é importante. Cuide de si mesmo, é claro. Mas também, eu tenho um gotejamento pós-nasal muito ruim. E estou sempre limpando a garganta; é um gotejamento pós-nasal bem espesso. Meus médicos que fizeram uma endoscopia em mim disseram, ‘Nunca vimos nada igual.’ É quase como se houvesse cola nas minhas cordas vocais continuamente, e isso impede que eu cante na melhor faixa e no topo da minha extensão. Mas eles também disseram que acham que isso também protegeu minhas cordas vocais. Então eu definitivamente estou cantando corretamente. Sou abençoado por ainda ter a voz que tenho. É o que era antes? Não.”

Há quatro anos, Bruce Dickinson do IRON MAIDEN disse que tem orgulho do fato de ele e seus companheiros de banda executarem as músicas na chave original. “Não detunamos, como fazem algumas outras pessoas,” ele disse. “Não fazemos nada disso. Suponho que, se um dia tivermos que fazer, teremos que fazer, mas não precisamos fazer agora, e acho que as músicas soam melhores como resultado. Elas são feitas para serem tocadas nessa chave.”

Em 2014, Todd La Torre do QUEENSRŸCHE disse que o fato de ele cantar as músicas da banda na chave original é uma das razões pelas quais ele conseguiu conquistar tantos fãs do QUEENSRŸCHE após a saída do vocalista original Geoff Tate.

“Não abaixamos a afinação,” ele disse. “Quando entrei na banda, [os outros caras do QUEENSRŸCHE] disseram, ‘Ei, se você quiser que a gente abaixe meio tom, se for mais fácil para você, não tenha medo de nos pedir.’ E eu disse, ‘Não. Eu quero fazer isso da melhor maneira possível para representar as músicas da maneira como elas realmente são, e se for difícil para mim, eu só tenho mais trabalho a fazer. Mas deixe-me continuar tentando fazer isso.’ Então acho que o fato de que aquelas músicas antigas não estavam sendo tocadas [nos últimos anos com Geoff na banda]… Quero dizer, algumas delas foram tocadas, mas muitas vezes elas foram afinadas ou as músicas não foram tocadas na íntegra, como ‘Roads To Madness’; tocamos essa música na íntegra. Tocamos ‘NM 156’ na íntegra. E esses fãs realmente adoram ouvir isso. Então o fato de que isso não estava acontecendo, e quando entrei na banda, começou a acontecer, realmente facilitou, acho, para os fãs se unirem e dizerem, ‘Incrível!'”