Depois de mais de seis anos de espera, finalmente tivemos um ritual completo da banda sueca Ghost em terras brasileiras, com a “Re-Imperatour – Latin America 2023”. Um show de encher os olhos e ouvidos. Foram duas noites de casa cheia no Espaço Unimed, shows que tivemos a presença das mais diferentes idades na plateia, desde adolescentes até adultos maquiados, diversos “Papas” caracterizados da cabeça aos pés e aqueles que também optaram por algo mais confortável como bermudas, camisetas e tênis.

Aliás, faço questão de destacar: meus sinceros parabéns para quem se dedicou e enfrentou os dois dias de calor que estava fazendo na capital paulista, pois, se para mim e os outros que estavam com algo mais confortável para encarar a fila, imagina o sacrifício de quem encarou essa onda de calor e não desistiu em nenhum momento… Somente uma banda como o Ghost poderia despertar tal dedicação e paixão.

Então vamos lá: cheguei na fila para o show do dia 21/09 às 3h:30min da madrugada, e prometi a mim mesmo que nunca mais iria fazer algo assim, mas não, fiz pior. A última vez que encarei uma fila assim foi exatamente no show do Ghost em Porto Alegre, que foi no dia 10/05/2017, e já achava aquilo inexplicável…. Seis anos se passaram e lá estava eu quebrando a promessa. Quase 18 horas na fila, um dia inteiro sem dormir e isso não foi o pior, o pior foi aquele calor que foi crescendo a partir das 10h da manhã. Ali eu sabia que o maior desafio da fila iria nos castigar. Mas as horas passaram e consegui entrar no local, a grade veio, mas para uns, esse desafio teve um preço caro, justamente a perda da grade. O calor na capital não deu trégua à tarde, tanto que houve distribuição de sal para evitar a queda de pressão nos fãs.  Ao menos comigo teve gente chorando de nervoso por medo de passar mal e não conseguir entrar, outros que passaram mal já no evento e tiveram que abandonar a tão disputada grade.

O show estava visualmente impecável, a presença de palco dos Nameless Ghouls era de encher os olhos de qualquer fã, a química entre eles era um espetáculo à parte. Já o icônico Tobias Forge, sob o manto do Papa Emeritus IV com os seus mais diversos trajes era também um espetáculo à parte, bem como sua presença de palco. A dedicação e energia que ele transmite era algo mágico. Parece que naquelas duas noites ele conseguiu finalmente matar a saudade dos fãs.

Acredito eu que o único ponto ruim do show foi a questão do som para quem estava nas grades, mais precisamente nas laterais, onde o som grave estava num nível, que em certos momentos, ficava confuso e até mesmo problemático. Ao menos notei isso em algumas transições e na execução da música “Miasma”.

Na primeira noite no Brasil, no dia 20, a banda teve problemas logísticos e a banda Crypta não pode se apresentar, mas isso não foi o suficiente para deixá-las desanimadas nesta segunda noite, e entregaram um curto e certeiro show de abertura, em promoção ao seu novo álbum, “Shades of Sorrow”. Foi uma apresentação de grande presença e entrega no palco, com destaque para a grudenta “From the Ashes”, do primeiro álbum.

Ao todo a experiência foi ótima, e a espera valeu a pena. O ruim é saber quando irão voltar… esperamos que seja o mais breve possível!

Set list Crypta: 

1. Lift the Blindfold
2. The Outsider
3. Stronghold
4. Lullaby for the Forsaken
5. Poisonous Apathy
6. Under the Black Wings
7. The Other Side of Anger
8. From the Ashes
9. Lord of Ruins

 Set list Ghost:

1. Kaisarion
2. Rats
3. From the Pinnacle to the Pit
4. Spillways
5. Cirice
6. Absolution
7. Ritual
8. Call Me Little Sunshine
9. Con Clavi Con Dio
10. Watcher in the Sky
11. Year Zero
12. Spöksonat
13. He Is
14. Miasma
15. Mary on a Cross
16. Mummy Dust
17. Respite on the Spitalfields

Encore:

18. Kiss the Go-Goat
19. Dance Macabre
20. Square Hammer

Texto: Marcelo Monteiro com edição de Maicon Leite
Fotos: Maria Julia Ferezin (https://www.instagram.com/majuferezin)

Maicon Leite

Maicon Leite atua como Assessor de Imprensa com a Wargods Press, é um dos colaboradores mais antigos da revista Roadie Crew, é co-autor do livro Tá no Sangue!, editor do Arena Heavy e podcaster com o Metal Legacy.