Gates to Hell desafia a saturação do Deathcore em “Death Comes to All”
Postado em 03/09/2025


Desde o impacto inicial e explosivo de “Death Comes to All”, o Gates to Hell deixa evidente que não pretende apenas preencher lacunas ou ecoar tendências já estabelecidas. O objetivo é outro: afirmar, com contundência e urgência, um território próprio dentro de um cenário saturado por fórmulas recicladas, sobretudo no Deathcore contemporâneo.

Com pouco mais de 21 minutos, o álbum vai direto ao ponto. Suas dez faixas são curtas e diretas, funcionando como projéteis rítmicos lançados com precisão. “Rise Again” e “A Summoning” abrem o disco com golpes secos, sustentados por uma seção rítmica que equilibra o peso quebradiço do Hardcore nova-iorquino e a fluidez controlada do Tech Death Metal. As guitarras de Seth Lewis e Eli Hanson, afiadas, entregam riffs que carregam identidade mesmo quando caminham por compassos aparentemente previsíveis.

Ryan Storey, nos vocais, não se limita ao gutural padrão do gênero. Suas variações abruptas de entonação ampliam o impacto das mudanças de andamento, como em “Next to Bleed”, simples na estrutura, mas carregadíssima. Já “21 Sacraments” se impõe como um dos momentos mais brutais do álbum, com groove sufocante e batidas que parecem afundar o peito.

Cada faixa tem sua personalidade, mas todas se conectam em um fio narrativo perceptível. “Sacrificial Deed” exemplifica isso: dividida em partes desconcertantes, escapa da previsibilidade rítmica e costura caos e ordem com frieza quase cirúrgica.

A produção de Randy LeBoeuf consegue equilibrar modernidade e crueza. Apesar do punch digital evidente, não soa plastificada ou excessivamente polida. A mixagem foi bem trabalhada. Os graves não sufocam os médios, permitindo que detalhes de viradas e pedais duplos de Trey Garris se destaquem em uma performance firme e variada.

A faixa-título, “Death Comes to All”, condensa a proposta estética do Gates to Hell: violenta, sem refrão muito óbvio ou construção melódica tradicional, resume tanto a essência do disco quanto a identidade da banda.

O encerramento vem com “Fused With The Soil”, a mais longa do álbum, com pouco mais de três minutos. Carregada de um clima quase industrial e claustrofóbico, funciona como um último suspiro antes do colapso. Nela, a banda condensa todos os elementos explorados até então, transitando entre passagens cadenciadas e explosões rápidas, abrindo até espaço para uma pausa onde o baixo de Dustin Cantrell ganha protagonismo.

Lançado pela Nuclear Blast e no Brasil pela Shinigami Records, “Death Comes to All” pavimenta o caminho do Gates to Hell e se mostra essencial para quem busca no Metal extremo moderno uma combinação implacável de peso e agressividade.

Track list do álbum: 

  1. Rise Again
  2. A Summoning
  3. Weeping In Pain
  4. Next To Bleed
  5. 21 Sacraments
  6. Sacrificial Deed
  7. Death Comes To All
  8. Crazed Killer
  9. Locked Out
  10. Fused With The Soil

 

Confira o álbum do Spotify:

Assista ao vídeo de “Next to Bleed”:

 

 

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