Epica renovado e inspirado em “Aspiral”
Postado em 23/08/2025


“Aspiral” faz referência à obra do escultor e pintor polonês Stanisław Szukalski (1965), símbolo de renovação e inspiração, e também dá nome ao nono álbum de estúdio do Epica.

Diferente dos trabalhos anteriores, a banda optou por criar e gravar grande parte do álbum ao vivo em estúdio, capturando ainda mais a energia e a dinâmica que tanto vemos em seus shows. A formação atual conta com Simone Simons (vocal), Mark Jansen (vocal gutural e guitarra), Isaac Delahaye (guitarra e violões), Rob van der Loo (baixo), Coen Janssen (teclados e orquestrações) e Ariën van Weesenbeek (bateria), a mesma que se mantém firme desde 2009 com o lançamento de “Design Your Universe”.

Este novo trabalho é um mergulho profundo naquilo que a banda sabe fazer de melhor: unir grandiosidade sinfônica, o peso das guitarras e uma narrativa conceitual envolvente. Desde a abertura com “Cross the Divide”, o disco já deixa claro seu caráter enérgico e direto, com riffs marcantes e refrões certeiros. A atmosfera logo se transforma em “Arcana”, uma faixa mais sombria e melódica, guiada pela performance emotiva de Simone, que conduz o ouvinte por um terreno introspectivo sem perder o impacto dos corais e orquestrações.

Esse equilíbrio entre agressividade e lirismo atinge o primeiro grande clímax em “Darkness Dies in Light – A New Age Dawns Part VII”, onde a saga conceitual de Mark, iniciada anos atrás, retorna em forma épica, carregada de guitarras afiadas e arranjos cinematográficos. Na sequência, “Obsidian Heart” oferece um respiro mais contemplativo, sustentado pela densidade atmosférica, antes de mergulharmos novamente no caos organizado de “Fight to Survive – The Overview Effect”, uma das faixas mais explosivas do trabalho.

A intensidade cresce ainda mais com “Metanoia – A New Age Dawns Part VIII”, que resgata a sonoridade clássica da banda, misturando duetos entre vocais limpos e guturais com arranjos orquestrais de grande impacto. Logo depois, “T.I.M.E.” quebra expectativas ao adotar uma estrutura mais arriscada, marcada por mudanças bruscas de clima e uma proposta conceitual ousada, refletindo sobre transformação e evolução,  algo reforçado no videoclipe lançado pela banda. Já “Apparition” traz um clima gótico e teatral, em que guitarras sombrias acentuam o caráter dramático do álbum.

Com “Eye of the Storm”, o disco retoma sua força de maneira mais direta, unindo guitarras vigorosas e a alternância entre os guturais de Mark e os vocais líricos de Simone, resultando em uma faixa de impacto imediato. Em seguida, “The Grand Saga of Existence – A New Age Dawns Part IX” funciona como ponto de convergência da narrativa, encerrando a trilogia iniciada em “Consign to Oblivion” (2005) com um espetáculo sonoro grandioso, repleto de coros e passagens orquestrais marcantes. O desfecho vem com a faixa-título, “Aspiral”, que começa como uma balada suave ao piano e cresce gradualmente em emoção até culminar com a narração de Stanisław Szukalski, amarrando conceito e música de forma magistral.

Com “Aspiral”, o Epica entrega uma obra-prima que preserva sua identidade sem deixar de explorar novos caminhos. É um álbum que brilha tanto pela energia imediata quanto pela profundidade de suas camadas, e confirma a maturidade de uma banda que, após mais de duas décadas, ainda encontra formas de se reinventar sem perder sua essência.


Banda:
Simone Simons – Vocal
Mark Jansen – Guitarra
Isaac Delahaye – Guitarra
Rob van der Loo – Baixo
Coen Janssen – Teclado
Ariën van Weesenbeek – Bateria

Faixas:
1. Cross the Divide
2. Arcana
3. Darkness Dies in Light – A New Age Dawns Part VII
4. Obsidian Heart
5. Fight to Survive – The Overview Effect
6. Metanoia – A New Age Dawns Part VIII
7. T.I.M.E.
8. Apparition
9. Eye of the Storm
10. The Grand Saga of Existence – A New Age Dawns Part IX
11. Aspiral

 
Categoria/Category: Destaque · Resenha de Discos
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